Para a grande maioria dos brasileiros que sonha em comprar um imóvel, o financiamento se apresenta como a maneira mais eficaz de transformar esse sonho em realidade. Dados da Associação Brasileira de Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (ABECIP) mostram que os financiamentos imobiliários com recursos das cadernetas, como FGTS e poupança, totalizaram R$ 13,83 bilhões em setembro deste ano, um crescimento de 6,3% em relação a agosto de 2023. Isso demonstra que o financiamento é o primeiro passo para adquirir a tão desejada casa própria. No entanto, a maioria das pessoas não quer passar anos pagando boletos. Surge, então, a dúvida: é melhor quitar o financiamento ou investir o valor?
Neste artigo, vamos explorar essa questão com a ajuda de especialistas e apresentar informações que o ajudarão a tomar a decisão mais vantajosa para o seu bolso.
O Funcionamento do Financiamento Imobiliário
É importante compreender como funciona o financiamento imobiliário antes de decidir entre quitar o financiamento ou investir o dinheiro. O financiamento de imóveis é essencialmente um empréstimo concedido por uma instituição financeira para que o cliente possa adquirir um imóvel. Esse processo envolve uma avaliação para determinar se o cliente atende aos critérios do agente financiador.
Após essa análise, o cliente obtém uma aprovação prévia do valor a ser utilizado na compra do imóvel, que pode ser parcelado em até 35 anos. Quando o imóvel é encontrado, o banco solicita uma série de documentos, incluindo a matrícula atualizada do imóvel, certidão negativa de débito do imposto predial, documentos de identificação dos vendedores e compradores, formulários preenchidos e certidão atualizada de estado civil.
Uma vez que a documentação é aprovada, é agendada uma avaliação do imóvel por uma empresa especializada para verificar suas condições e valor de mercado. É importante destacar que o valor pré-aprovado do financiamento pode sofrer reduções após essa análise.
Após a aprovação e a assinatura do contrato, o imóvel fica alienado ao banco como garantia do empréstimo até que todas as parcelas sejam pagas pelo cliente. Geralmente, o financiamento imobiliário cobre até 90% do valor do imóvel, seja ele novo, na planta, usado ou em construção.
Quitar o Financiamento: Uma Estratégia Inteligente
Uma vez que o imóvel é adquirido, as parcelas começam a ser debitadas mensalmente da conta do proprietário. Agora, a quitação do financiamento entra em foco. Essa etapa consiste em antecipar o pagamento das parcelas para evitar os juros que são aplicados sobre o crédito imobiliário.
Léa Saab Faggion, gerente da OMA, empresa de administração condominial, de imóveis, venda e locação, observa que, mesmo com as boas taxas oferecidas pelos bancos, ao final de um financiamento, o valor quitado pode ser significativamente maior que o valor do imóvel, às vezes até o dobro ou o triplo. A vantagem da quitação é a eliminação dos juros, tornando o valor final muito mais próximo do valor de mercado e liberando o proprietário das parcelas mensais.
Quitar ou Investir: Tomando a Melhor Decisão
Agora, a pergunta central: é melhor quitar o financiamento ou investir o valor? Marlon Glaciano, planejador financeiro e especialista em finanças, oferece uma orientação valiosa. Se o retorno do investimento escolhido for superior aos juros praticados no contrato de financiamento, a quitação pode deixar de ser a melhor opção. No entanto, é fundamental acompanhar o cenário econômico do país durante o período de investimento. Quando a rentabilidade do ativo financeiro não justificar mais, é hora de considerar a quitação do financiamento.
Se você decidir investir parte do dinheiro e usar o restante para quitar o financiamento, uma estratégia recomendada é pagar a parcela vencida junto com a última parcela do boleto, e assim sucessivamente. Dessa forma, é possível reduzir os juros e quitar o imóvel em metade do prazo inicialmente planejado.
Investimentos de Baixo Risco para Quitação
É importante ressaltar que, caso opte por investir, é aconselhável escolher produtos financeiros de baixo risco, uma vez que o objetivo é não perder o dinheiro destinado à quitação do financiamento. Entre as opções de renda fixa que se destacam estão:
– CDB (Certificado de Depósito Bancário)
– Tesouro Direto
– Fundos de renda fixa
– Letra de Crédito Imobiliário (LCI)
– Letra de Crédito do Agronegócio (LCA)
Por fim, é fundamental considerar o tempo que você deve esperar para utilizar o dinheiro investido e quitar o financiamento. Marlon Glaciano sugere que, ao pensar em investimentos, seja prudente considerar um período de pelo menos 12 meses de rentabilidade, levando em conta as flutuações anuais.
Em resumo, a decisão de quitar o financiamento ou investir o valor depende de diversos fatores, incluindo a rentabilidade do investimento escolhido e o cenário econômico. Consultar um planejador financeiro pode ser uma decisão sábia para tomar a melhor decisão de acordo com suas circunstâncias individuais.