Vale a pena investir em Ouro? Veja a evolução do preço nos últimos 10 anos e o que esperar no futuro

Nos últimos dez anos, o ouro deixou de ser apenas um símbolo de riqueza para se tornar um verdadeiro escudo financeiro em tempos de instabilidade. De crises econômicas globais a pandemias e tensões geopolíticas, o metal precioso brilhou – literalmente – como um porto seguro para investidores que buscam preservar patrimônio. Mas será que ainda vale a pena investir em ouro?

O que os dados dos últimos anos revelam sobre sua valorização real? E mais: por que tantos economistas continuam recomendando o metal mesmo em 2025, quando o cenário das finanças globais está mais tecnológico do que nunca? Neste artigo, vamos traçar um panorama da evolução do ouro desde 2015 até hoje, com base nas cotações em dólar, avaliar suas perspectivas futuras e explicar os fatores que tornam esse ativo tão cobiçado por investidores do mundo todo.

Preço Atual do Ouro

Preço Atual do Ouro (Spot – XAU/USD)

A linha do tempo dourada: o desempenho do ouro entre 2015 e 2025

Em janeiro de 2015, a onça-troy do ouro (unidade padrão internacional, equivalente a 31,1 gramas) era negociada na casa dos US$ 1.200. Era um período de recuperação após a forte queda registrada entre 2012 e 2014, impulsionada por um dólar mais forte e menor demanda chinesa. Nos anos seguintes, o metal começou a esboçar recuperação tímida, mas constante.

Em 2019, o cenário global mudou drasticamente. Com a chegada da pandemia de Covid-19 no início de 2020, a busca por ativos seguros disparou. O resultado? O ouro bateu a marca histórica de US$ 2.070 em agosto de 2020, registrando seu maior valor até então. Esse salto foi consequência direta da incerteza econômica, juros baixos e políticas de estímulo fiscal massivas implementadas por governos ao redor do mundo.

Nos anos seguintes, o ouro oscilou, mas manteve-se valorizado. Em 2023, por exemplo, voltou a ultrapassar US$ 2.000, impulsionado pela inflação persistente em economias centrais e pelos riscos geopolíticos envolvendo Rússia, China, Ucrânia e o Oriente Médio. Em junho de 2025, segundo a cotação atual no Investing.com, o ouro gira em torno de US$ 2.316, sustentando sua força em um mundo ainda volátil.

Por que o ouro continua valorizado em tempos modernos?

Ao contrário de ações, títulos ou moedas digitais, o ouro não gera dividendos, não paga juros e tampouco se multiplica com o tempo. No entanto, sua força está justamente no que ele não faz: o ouro não se deprecia por decisões políticas, não quebra como empresas e não é vulnerável a falhas de rede ou tecnologia.

A valorização do ouro ao longo da história está intimamente ligada à confiança. Ele é escasso, amplamente aceito globalmente, e sua mineração é limitada, o que naturalmente limita a oferta. Em períodos de inflação, conflito armado, colapsos cambiais ou desconfiança em governos, o ouro tende a valorizar, pois oferece proteção contra a desvalorização do papel-moeda.

Além disso, muitos bancos centrais têm aumentado suas reservas em ouro nos últimos anos. Países como China, Rússia, Índia e Turquia vêm comprando toneladas do metal como estratégia de desdolarização, reduzindo sua dependência do dólar americano e blindando suas economias contra sanções internacionais.

O ouro como investimento no Brasil: vantagens e desafios

Embora a cotação internacional do ouro seja feita em dólar, no Brasil o investidor também precisa considerar o câmbio. Isso significa que, além da valorização do próprio metal, o ouro também pode se beneficiar da alta do dólar frente ao real. Por isso, o ouro é especialmente vantajoso para brasileiros em momentos de instabilidade política e econômica doméstica.

Hoje, é possível investir em ouro por meio de ETFs (fundos de índice lastreados no metal), contratos futuros na B3, fundos de investimento com exposição ao metal ou até mesmo comprando ouro físico em bancos autorizados. A escolha depende do perfil do investidor e do seu objetivo: proteção, especulação ou reserva de longo prazo.

No entanto, o ouro não é indicado para ganhos rápidos. Ele é um ativo de proteção patrimonial, ideal para compor uma carteira diversificada e resiliente. Especialistas recomendam de 5% a 15% de alocação em ouro, dependendo da aversão ao risco de cada investidor.

Vale a pena investir em ouro em 2025?

A resposta curta é: sim, desde que você entenda seu papel na carteira. O ouro não substitui investimentos de crescimento, mas complementa estrategicamente um portfólio em tempos de incerteza. Mesmo com o avanço das criptomoedas e da tokenização de ativos, o ouro permanece como referência de valor e proteção.

Com a inflação ainda presente, os conflitos internacionais em ebulição e um cenário de juros voláteis, o ouro segue como uma das poucas formas de proteção confiável contra choques sistêmicos. E mais: em tempos de inteligência artificial, instabilidade climática e guerra cibernética, o velho metal parece mais atual do que nunca.

O segredo é não ver o ouro como “milagre financeiro”, mas sim como um escudo silencioso que trabalha quando tudo o resto falha.

Ao olhar para os últimos dez anos, o ouro provou ser mais do que um refúgio tradicional. Ele foi protagonista em momentos críticos, valorizou em ciclos de crise e consolidou sua posição como ativo estratégico para investidores conscientes. Seu desempenho constante frente a incertezas e sua independência em relação ao sistema financeiro tornam o ouro uma escolha inteligente para quem busca estabilidade em um mundo onde tudo parece flutuar. Ainda que não ofereça rentabilidade explosiva como ações ou criptomoedas, o ouro entrega segurança, previsibilidade e liquidez – três pilares essenciais para quem não quer apenas ganhar, mas preservar o que já conquistou. E em tempos como os que vivemos, isso vale ouro, literalmente.

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