Se antes o Brasil era visto apenas como consumidor de tecnologia importada, hoje ele é também celeiro de inovações que ganham o mundo — especialmente quando falamos em fintechs. As startups financeiras brasileiras estão deixando de ser apostas promissoras para se tornarem protagonistas de uma revolução silenciosa e digital nas finanças globais. Com modelos ágeis, soluções disruptivas e uma compreensão única das dores dos consumidores, essas empresas estão reconfigurando o modo como lidamos com dinheiro, crédito, investimentos e pagamentos.
Neste artigo, você vai conhecer 9 fintechs brasileiras que não apenas inovam no país, mas estão exportando inteligência, plataformas e modelos de negócios para diversos mercados internacionais. Prepare-se para descobrir quem está por trás dessa transformação e como essas empresas estão mudando o jogo no sistema financeiro global.

Das raízes nacionais ao mundo: expansão das fintechs brasileiras
Nubank e o novo conceito de banco digital
Quando o Nubank surgiu, em 2013, com seu cartão roxinho sem anuidade, muita gente achou que era só mais uma empresa tentando simplificar o sistema bancário. Poucos anos depois, o Nubank se tornou o maior banco digital do mundo fora da Ásia, ultrapassando 100 milhões de clientes na América Latina e estreando na Bolsa de Nova York com uma valorização bilionária. A fintech conquistou o público ao unir tecnologia intuitiva, atendimento ágil e uma narrativa de empoderamento financeiro.
Sua estratégia de expansão é inteligente e progressiva: começou pelo México e pela Colômbia, dois países com realidades bancárias semelhantes às do Brasil, e agora já planeja avançar em outros mercados emergentes. Além de produtos bancários tradicionais, como conta e cartão, o Nubank investe em crédito pessoal, investimentos e seguros — tudo sem burocracia e com linguagem acessível. A empresa se tornou sinônimo de inclusão financeira digital e é referência global de fintech “nascida no sul” que virou gigante global.
Ebanx e a infraestrutura de pagamentos cross-border
A fintech curitibana Ebanx começou com um problema simples, mas gigante: como consumidores da América Latina poderiam comprar em sites internacionais que não aceitavam seus meios de pagamento locais? A resposta foi construir uma ponte entre empresas globais (como AliExpress, Spotify, Shein, Airbnb) e os consumidores latino-americanos, oferecendo pagamentos locais com boleto, Pix, cartões nacionais e mais. Hoje, o Ebanx atua em mais de 15 países e já processou bilhões de dólares em transações.
A startup foi uma das primeiras a entender que infraestrutura de pagamento é tão importante quanto o produto em si — e que a diversidade de meios de pagamento é chave para inclusão. Ao facilitar o acesso de grandes empresas ao consumidor latino, a fintech se posicionou como uma “espinha dorsal” do comércio digital internacional. Seu IPO já está no radar, e sua operação no Brasil é apenas parte de um projeto bem mais ambicioso: tornar-se líder global em pagamentos emergentes.
Creditas e o crédito com garantia como solução
Com sede em São Paulo e escritórios na Espanha e México, a Creditas é uma fintech que aposta na educação financeira e no uso inteligente do crédito como ferramentas de transformação. Sua proposta é simples, mas poderosa: oferecer crédito com garantia de imóvel, veículo ou salário, o que permite taxas muito menores do que o crédito pessoal tradicional. Resultado? Menos inadimplência, mais acesso ao capital e clientes satisfeitos.
A Creditas também se destaca pelo investimento em tecnologia proprietária e por construir um ecossistema completo: além de crédito, oferece seguro, soluções de mobilidade e até marketplace. Fora do Brasil, a fintech já opera com força no México e vislumbra novos mercados latino-americanos. Sua trajetória mostra que é possível fazer finanças de forma mais justa e transparente — e ainda crescer exponencialmente.
Inovação e impacto social no centro da estratégia
Neon e a digitalização da conta bancária popular
A Neon nasceu em 2016 com uma proposta clara: digitalizar a conta bancária de quem estava cansado das tarifas e da burocracia dos bancos tradicionais. Com foco em jovens e autônomos, a fintech rapidamente atraiu milhões de usuários com sua conta digital gratuita, cartão pré-pago e interface moderna. A grande virada veio quando passou a oferecer crédito pessoal, empréstimos para MEIs e soluções para pequenas empresas, ampliando sua presença nos setores mais carentes de bancarização.
Hoje, a Neon se posiciona como uma das principais alternativas aos grandes bancos para as classes C e D, com forte presença em regiões historicamente negligenciadas. A fintech ainda aposta em educação financeira por meio de conteúdos acessíveis e oferece programas de fidelidade atrelados a bom uso do crédito. Sua proposta de valor se baseia em transparência, empatia e uso inteligente da tecnologia — pilares que estão levando a empresa a crescer além das fronteiras nacionais.
Banco Inter e a plataforma de serviços financeiros integrada
O Banco Inter é uma fintech de origem mineira que rapidamente virou referência em ecossistema financeiro digital. Ao oferecer uma conta 100% gratuita, com cartão de crédito sem anuidade, cashback, plataforma de investimentos e marketplace integrado, o Inter criou um verdadeiro “superapp” financeiro. Sua estratégia é clara: oferecer tudo o que o cliente precisa, num só lugar, de forma intuitiva, barata e confiável.
A empresa já conta com milhões de clientes ativos e seu modelo de negócio é replicável fora do Brasil — e, de fato, o Inter começou a dar os primeiros passos em sua expansão internacional, mirando inicialmente o mercado norte-americano e europeu com serviços digitais escaláveis. Sua capacidade de integrar diferentes serviços financeiros e não financeiros em uma única experiência torna o Inter um exemplo de fintech multifuncional com grande potencial de globalização.
Kamino e a nova era de fintechs para startups
A Kamino é uma fintech que talvez ainda não tenha ganhado as manchetes populares, mas está revolucionando o setor nos bastidores. Criada por ex-executivos do Nubank e da Kaszek Ventures, a Kamino oferece uma infraestrutura financeira completa para startups, incluindo conta internacional, gestão de capital, câmbio e compliance regulatório. Em vez de ser apenas uma conta digital, a fintech se apresenta como um braço financeiro estratégico para empresas em crescimento.
O diferencial está na combinação de agilidade, personalização e foco em empresas que precisam operar globalmente desde o primeiro dia. A Kamino já atende startups em mais de 10 países e projeta expansão para Europa e Ásia. Com um modelo voltado para negócios B2B e DNA tecnológico de alto nível, a fintech representa uma nova geração de soluções criadas no Brasil com impacto direto na eficiência financeira de empresas do mundo todo.
Fintechs de nicho e soluções especializadas para o mundo
Stark Bank e a API financeira para empresas modernas
Voltada exclusivamente para empresas, a Stark Bank oferece APIs e serviços financeiros que automatizam pagamentos, boletos, TEDs e toda a gestão bancária de negócios. O foco é eliminar burocracia e permitir que as empresas escalem seus serviços com controle total dos fluxos financeiros. Sua base de clientes inclui grandes nomes como iFood, QuintoAndar e Loft, e sua tecnologia já atraiu investidores internacionais de peso.
Ao investir em uma experiência de integração fluida, a Stark Bank se tornou sinônimo de eficiência para fintechs, marketplaces e SaaS. Seu modelo 100% digital e programável a coloca entre as fintechs brasileiras com maior potencial de expansão global, especialmente em países que precisam digitalizar rapidamente seus sistemas de pagamento corporativo.
CloudWalk e o futuro das maquininhas de cartão
A CloudWalk é uma fintech que aposta na descentralização dos meios de pagamento. Criadora do InfinitePay, a empresa oferece maquininhas de cartão com taxas baixíssimas e, o mais curioso, um sistema baseado em blockchain para liquidação das transações. Essa combinação entre usabilidade e inovação tecnológica fez com que a CloudWalk ganhasse destaque até no Vale do Silício.
Mais de 300 mil comerciantes já usam suas soluções, e o plano da fintech é continuar crescendo em mercados emergentes com grandes volumes de pequenas transações. Sua proposta de valor envolve rapidez no repasse de pagamentos, custo reduzido e visão de futuro. A CloudWalk está de olho em mercados como África e Sudeste Asiático, onde a bancarização é baixa e a inovação é bem-vinda. É o Brasil exportando tecnologia de ponta com selo nacional.
Open Co e o crédito justo como missão
A fusão entre Geru e Rebel deu origem à Open Co, uma fintech que atua com crédito pessoal 100% digital, voltado a pessoas que têm bom perfil financeiro, mas são ignoradas pelos bancos tradicionais. Com análise de dados avançada e tecnologia de precificação dinâmica, a fintech oferece empréstimos com taxas justas e prazos personalizados, mirando um público entre a classe média e o empreendedor individual.
A proposta é simples: criar uma relação mais saudável entre o cliente e o crédito, com transparência e acesso facilitado. A Open Co já movimenta milhões em empréstimos mensais e começa a estudar modelos de expansão para países da América Latina com realidades parecidas com a do Brasil. Mais do que apenas oferecer crédito, ela quer reconfigurar o modo como as pessoas se relacionam com seus compromissos financeiros, promovendo educação e autonomia.
Conclusão
As fintechs brasileiras não estão apenas transformando o cenário nacional: elas estão exportando ideias, modelos e tecnologias que estão impactando o sistema financeiro global. Seja na forma de bancos digitais, APIs, soluções de crédito ou plataformas de pagamentos, essas empresas mostram que é possível inovar com propósito, escalar com inteligência e crescer com impacto. O Brasil, com sua complexidade econômica e criatividade nata, se tornou um verdadeiro laboratório para inovações que agora ganham o mundo. Em um momento em que o dinheiro se digitaliza, a confiança se reconstrói e a velocidade é vital, essas 9 fintechs provam que o futuro das finanças pode, sim, ter sotaque brasileiro. E tudo indica que essa revolução está apenas começando.