Realizar um sonho, comprar um carro, fazer uma viagem internacional ou simplesmente conquistar tranquilidade financeira. O valor de R$ 50 mil pode parecer distante para muitos brasileiros, mas com organização, metas claras e disciplina, esse montante se torna perfeitamente atingível — inclusive em prazos curtos, como dois ou três anos.
Se você chegou até aqui, provavelmente está em busca de respostas práticas: quanto eu preciso guardar todo mês? Onde investir com segurança? Qual aplicação rende mais? Qual é a melhor escolha entre CDB, poupança e fundos de infraestrutura? E mais importante: é possível fazer isso mesmo com uma renda mediana?
Neste artigo, vamos detalhar todas essas respostas com base em simulações reais, considerando cenários atualizados do mercado financeiro brasileiro. O conteúdo está estruturado para ser de fácil leitura, seja você um investidor iniciante ou alguém que está começando agora a organizar as finanças.
Por que estabelecer uma meta de R$ 50 mil é inteligente
Antes de falarmos em números e simulações, vale destacar: escolher um objetivo financeiro palpável é um dos pilares do planejamento bem-sucedido. Metas como “ficar rico” ou “ter mais dinheiro” são vagas e desmotivadoras. Já “juntar R$ 50 mil em 2 anos” é específico, mensurável e desafiador, porém realista.
Com esse valor, você pode:
- Montar uma reserva de emergência robusta.
- Dar entrada em um imóvel.
- Financiar uma pós-graduação ou intercâmbio.
- Abrir um pequeno negócio.
- Investir em um carro ou reformar a casa.
Tudo isso depende de quanto você pode guardar por mês e onde aplicar esse dinheiro para ele render de forma eficiente.
Quanto guardar por mês para atingir R$ 50 mil em 2 anos
Vamos aos números. Considerando uma meta de 24 meses, ou seja, 2 anos, veja quanto você precisa poupar mensalmente em diferentes aplicações:
Investimento | Rentabilidade líquida mensal estimada | Valor mensal a ser poupado |
---|---|---|
CDB (100% do CDI) | 0,90% | R$ 1.874,80 |
Fundo de Infraestrutura (FI-Infra) | 1,01% | R$ 1.851,33 |
Poupança | 0,50% | R$ 1.965,66 |
➡️ Esses valores foram calculados com base nas projeções da Selic divulgadas no Boletim Focus de maio de 2025, e já consideram o desconto do Imposto de Renda no caso dos CDBs.
E se o prazo for de 3 anos? Veja quanto precisa guardar
Estender o prazo para 36 meses (ou 3 anos) reduz significativamente o valor necessário mensal, permitindo um planejamento mais suave:
Investimento | Rentabilidade líquida mensal estimada | Valor mensal a ser poupado |
---|---|---|
CDB (100% do CDI) | 0,85% | R$ 1.193,08 |
Fundo de Infraestrutura (FI-Infra) | 0,95% | R$ 1.171,44 |
Poupança | 0,50% | R$ 1.271,06 |
➡️ Perceba que, mesmo com a rentabilidade menor da poupança, os valores são apenas um pouco maiores. O que faz diferença, nesse caso, é o tempo de aplicação e os juros compostos atuando a seu favor.

Conheça os investimentos usados nas simulações
1. CDB (Certificado de Depósito Bancário)
É uma aplicação de renda fixa emitida por bancos. Você empresta dinheiro à instituição financeira e recebe juros como recompensa. É um investimento seguro (coberto pelo FGC) e amplamente disponível em corretoras e bancos digitais.
- Liquidez: pode ser diária ou no vencimento.
- Tributação: sofre IR regressivo conforme o tempo (até 15% após 720 dias).
- Ideal para: quem quer rendimento superior à poupança com baixo risco.
2. FI-Infra (Fundos de Investimento em Infraestrutura)
São fundos que aplicam em debêntures incentivadas e projetos de infraestrutura. Têm isenção de Imposto de Renda para pessoas físicas, o que eleva seu rendimento líquido.
- Liquidez: varia, pode ter resgate em D+30 ou mais.
- Risco: não têm garantia do FGC. Devem ser avaliados com critério.
- Ideal para: quem busca rentabilidade isenta de IR e aceita exposição moderada a risco.
3. Poupança
É a forma mais tradicional de guardar dinheiro no Brasil. Embora segura, apresenta rendimento muito inferior aos demais instrumentos.
- Liquidez: diária.
- Tributação: isenta de IR.
- Ideal para: iniciantes ou quem quer acesso imediato ao dinheiro.
O impacto do Imposto de Renda nas simulações
O IR incide apenas sobre os CDBs, com uma tabela regressiva:
- Até 180 dias: 22,5%
- De 181 a 360 dias: 20%
- De 361 a 720 dias: 17,5%
- Acima de 720 dias: 15%
Ou seja, quanto mais tempo o dinheiro ficar investido, menor será a alíquota. Isso torna os CDBs de médio/longo prazo mais vantajosos.
Já os fundos de infraestrutura e a poupança são isentos, o que ajuda a manter o rendimento líquido mais previsível.
Segurança: o que considerar ao investir
Nem todo investimento é igual em termos de risco. Veja o que considerar antes de aplicar seu dinheiro:
FGC: Fundo Garantidor de Créditos
- Protege aplicações como poupança e CDB até o limite de R$ 250 mil por CPF e instituição.
- Se o banco quebrar, você recebe o valor investido dentro desse teto.
FI-Infra não tem FGC
- O risco recai sobre os ativos da carteira (debêntures privadas).
- Avalie a gestora, os ativos e o histórico do fundo.
É possível começar mesmo com pouco? Sim. Veja como fracionar a meta
Se o valor mensal parecer alto à primeira vista, é possível começar com menos e aumentar gradualmente. Por exemplo:
- No 1º trimestre: guarde R$ 800/mês.
- A cada 3 meses, aumente 10% na meta mensal.
- Ao final de 2 anos, você terá economizado mais de R$ 45 mil.
Outra dica: junte 50% na poupança como reserva de emergência e aplique o restante em CDB ou fundo.
Boletim Focus: como ele influencia seus rendimentos
O Boletim Focus é um relatório semanal divulgado pelo Banco Central, reunindo projeções do mercado para:
- Selic
- IPCA
- PIB
- Dólar
Segundo o boletim mais recente (maio de 2025):
- Selic atual: 14,75%
- Projeção 2026: 12,5%
- Projeção 2027: 10,5%
- Projeção 2028: 10%
Isso impacta diretamente a rentabilidade dos CDBs e fundos de infraestrutura.
Dicas finais para atingir sua meta de R$ 50 mil
✅ Estabeleça uma meta mensal realista.
Mesmo que não consiga guardar os valores exatos sugeridos, guarde o que puder com consistência.
✅ Evite resgatar o valor antes do prazo.
Os juros compostos fazem milagres — mas precisam de tempo para trabalhar.
✅ Diversifique os investimentos.
Combine segurança da poupança com rentabilidade de CDBs ou fundos.
✅ Evite investimentos sensíveis.
Na fase de acumulação, prefira produtos conservadores e de baixo risco.
Conclusão: disciplina vence o tempo
Guardar R$ 50 mil em 2 ou 3 anos exige comprometimento, constância e estratégia — mas é perfeitamente possível mesmo sem salários altos. Com o apoio das ferramentas certas e o investimento adequado ao seu perfil, você transforma um plano distante em uma conquista palpável. Comece hoje, mesmo que com pouco.