A Bolsa de Valores brasileira, representada pelo índice Ibovespa, enfrentou sua nona queda consecutiva, estabelecendo um novo marco com a maior série de baixas desde 1995. Inicialmente, a sessão começou com otimismo, influenciada por indicadores de inflação no Brasil. Entretanto, essa tendência positiva rapidamente se inverteu, resultando em uma baixa de 0,24% e encerrando o dia aos 118.065 pontos. Essa sequência de perdas foi impulsionada pelo cenário externo, caracterizado por uma aversão ao risco acentuada.
Esta não é a primeira vez que o Ibovespa enfrenta nove pregões seguidos de declínio. A última ocorrência semelhante foi registrada em fevereiro de 1995. Além disso, em um período entre o final de janeiro e o começo de fevereiro de 1984, o índice enfrentou uma série ainda mais extensa de 11 pregões consecutivos em baixa.
No mercado cambial, o dólar encerrou o dia cotado a R$ 4,906, apresentando um aumento de 0,48%. Ao longo da semana, a moeda americana acumulou uma valorização de 0,64%. Esse movimento ascendente do dólar está diretamente relacionado a dados de inflação nos Estados Unidos que superaram as expectativas. Em julho, o índice de preços ao produtor nos EUA registrou um aumento de 0,3%, enquanto os economistas projetavam uma alta de 0,2%. Esse resultado aumentou as preocupações dos investidores sobre a possibilidade de uma política monetária mais restritiva por parte do Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, o que poderia manter as taxas de juros em patamares elevados por um período prolongado.
Esses impactos negativos também se estenderam às bolsas americanas. O índice Nasdaq, que abrange empresas de tecnologia, registrou uma queda de 0,68%, enquanto o S&P 500 apresentou uma leve retração de 0,11%. Por outro lado, o Dow Jones registrou ganhos de 0,30%.
O Ibovespa, além de enfrentar uma série de quedas, viu ações importantes no índice, como as da Petrobras, recuarem 0,39%, e as da Vale, cederem 0,80%. No acumulado da semana, o índice registrou uma queda de 1,2%.
A leitura do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) do dia chamou a atenção, mesmo superando as expectativas dos analistas. A inflação de serviços desacelerou de 0,62% em junho para 0,25% em julho. No acumulado de 12 meses, a inflação de serviços recuou de 6,2% para 5,6%. Isso abre espaço para uma perspectiva mais positiva em relação à desinflação dos núcleos e serviços, com expectativas de encerrar o ano em cerca de 5,2%, intensificando-se a partir de agosto.
Embora tenha ocorrido uma alta no valor cheio da inflação, que atingiu 0,12% em julho após deflação de 0,08% em junho e projeções que indicavam alta de 0,08%, a abertura dos números se mostrou mais benigna do que inicialmente previsto. Isso se deve ao arrefecimento dos núcleos e à forte desaceleração dos serviços. No entanto, mesmo com esse comportamento, a possibilidade de cortes maiores na taxa básica de juros não é vista como factível, considerando a posição da própria autoridade monetária, que afirmou não haver espaço para isso.
O Banco Central do Brasil (BCB) tem tomado medidas para tentar conter a alta do dólar, como a elevação da taxa básica de juros e a venda de dólares no mercado cambial. No entanto, essas medidas ainda não foram suficientes para reverter a tendência de alta da moeda americana.
A alta do dólar frente ao real pode ter um impacto negativo na economia brasileira, tornando as importações mais caras e diminuindo o poder de compra dos consumidores. Além disso, a alta do dólar pode também levar à fuga de capitais do Brasil, o que pode pressionar ainda mais a taxa de juros e a inflação.
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